O Tribunal de Contas lança hoje o livro “O Número - A Emblemática Tapeçaria que Almada Negreiros Concebeu para o Tribunal de Contas”, da autoria do Professor Doutor Luís Trabucho de Campos, assinalando o duplo aniversário dos 630 anos da Casa dos Contos e dos 170 anos da Instituição.
Não raro encontramos na entrada do edifício-sede do Tribunal de Contas quem esteja de olhos fixos postos num e noutro pormenor da Tapeçaria “O Número”, uma obra de arte desenhada por Almada Negreiros para abrir as portas do Tribunal de Contas, quando este se mudou do Arsenal para o torreão oriental da Praça do Comércio, em Lisboa, em 1954.
O Tribunal de Contas lançou o repto ao Professor Doutor Trabucho de Campos para a edição deste trabalho, depois do vivo interesse que suscitou a sua palestra sobre o tema em 2017, onde dava conta do que se esconde e se revela em cada elemento da tapeçaria.
Agora, o autor volta a mostrar como Almada Negreiros “sintetiza, de forma notável, os conceitos matemáticos de índole geométrica que, em sua opinião, se encontram implícitos nas grandes obras da humanidade, servindo de elemento unificador a todas elas”.
Ao longo de cerca de 130 páginas, o autor percorre o pensamento de Almada Negreiros como ponto de partida para explicar todos os elementos da tapeçaria (1955-1958), executada em lã na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, pelo valor de 94.500 escudos e entregue a 1 de agosto de 1958.
Os detalhes são muitos. O autor aponta que a tapeçaria é um exemplo de um Universo cujo centro é no espaço preenchido pelo corpo de um homem. Analisa que ela própria pretende fazer uma cronologia do número – um elemento que tão intrinsecamente se relaciona com a Ação do Tribunal de Contas, enquanto expressão da ação e do controlo financeiro.
O Professor Doutor Trabucho de Campos refere que se trata “não só de uma referência ao principal instrumento de trabalho dos contadores, mas também de mostrar como o número está sempre presente nos aspetos centrais e fundamentais do conhecimento da humanidade, desde o início das civilizações até aos dias de hoje, passando por marcos fundamentais como os conhecimentos da antiga Grécia e o advento da ciência moderna iniciada com o Renascimento”.
Estes são apenas alguns dos muitos pormenores analisados, como o Cânone, as Legendas, a Figura Central, o ábaco, os sólidos platónicos… Um livro de grande interesse e beleza estética que vale a pena ler e folhear.