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18 DE MAIO - DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS

2020.05.18

O Dia Internacional dos Museus celebra-se a 18 de maio, desde 1977. É um dia, e muitas vezes também se lhe junta um fim de semana, em que os museus abrem as suas portas de forma gratuita ao público.

Para assinalar este dia, o Tribunal de Contas deixa-lhe aqui uma curiosidade. Sabia que Miguel Ângelo Lupi, pintor português do séc. XIX, na encruzilhada entre o romantismo e o realismo, foi funcionário do Tribunal de Contas? E que é ele o autor do retrato a óleo de D. Pedro V que podemos admirar no átrio do edifício-sede do Tribunal de Contas?

É verdade! E pode dizer-se que a vinda de Lupi para o Tribunal de Contas foi decisiva para lançar a sua carreira como pintor, como nos conta Pinheiro Chagas:

“Lupi tinha então trinta e três anos. Os anos mais brilhantes e que podiam ser mais fecundos da sua mocidade passara-os a copiar ofícios e a fazer contas de multiplicação. Nunca abandonara o pincel e a paleta. Resignara-se a ser um simples curioso, e foi isso o que lhe valeu para que o encarregassem de pintar um retrato de D. Pedro V para o tribunal. A sua brilhante carreira artística deve-a Lupi ainda assim ao facto de ser apenas um curioso; se fosse um artista, ninguém lhe encomendaria semelhante coisa. Como era um curioso lembraram-se dele. Oh! Os curiosos em Portugal! Como eles mereciam uma monografia! Em todo o caso, abençoada qualidade! Foi assim que Lupi pôde realizar, ao menos em parte, as suas aspirações artísticas.”


 

Miguel Ângelo Lupi
(1826-1883)​
Retrato de D. Pedro V​
Miguel Ângelo Lupi, 1860.Óleo sobre tela. 253 x 182 cm

 

O retrato a óleo do rei D. Pedro V, que o Tribunal de Contas lhe encomendou, ficou concluído em 1860 e o seu sucesso foi tal que a Miguel Ângelo Lupi foi atribuída uma pensão do Estado para estudar pintura em Itália. Em 1864, quando regressou a Portugal, Lupi foi nomeado professor na Academia de Belas-Artes, conjugando a partir de então a carreira artística com a carreira docente.

Revelando vocação para o desenho e a pintura desde jovem, foi aluno da Academia de Belas-Artes (1841-1846), mas a sua dedicação exclusiva à pintura não foi imediata. Iniciou a sua vida profissional no funcionalismo público, primeiro na Imprensa Nacional (1849) e como pintor na Sala do Risco, no Arsenal da Marinha (1850) e como contador na Junta da Fazenda, em Luanda (1851-1853), e, por fim, como amanuense no Tribunal de Contas (1855-1860).

Quando em 1855 Miguel Ângelo Lupi ingressou no Tribunal de Contas, reinava D. Pedro V. O Barão de Porto de Mós, Venâncio Pinho do Rego Ceia Trigueiros era então o Presidente da Instituição.

Hoje, este dia dos Museus volta a ser celebrado com um significado ainda mais especial: depois de encerrados durante semanas devido à pandemia, voltaram a abrir as suas portas ao publico, com novas regras, mas sempre como um mundo a descobrir ou a revisitar.